MC BEYONCÉ E LUDMILLA: UMA ANÁLISE DAS IMAGENS DE CONTROLE NA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DA CANTORA LUDMILLA
Rótulo
Imagens, controle, Ludmilla, mídia, sociedade
Resumo
E-mail primeiro autor- anajpdss2.aluno@unipampa.edu.br Este artigo objetiva compreender o uso de imagens de controle no início da carreira da cantora Ludmilla Oliveira da Silva, conhecida como Ludmilla, e que anteriormente possuía o nome artístico MC Beyoncé. Collins (2019) ressalta como de alguma forma as mulheres negras afro-americanas encontram formas de resistir às imagens de controle e assim conseguem modificar do negativo para o positivo. Essa forma de contestação é apontada por ela como um mecanismo de se rebelar e de resistir e acontece através de quatro ações: 1) autodefinição, a partir da relação com outras mulheres negras e com a arte, em especial a música e a literatura; 2) auto valorização e respeito; 3) independência; 4) a transformação do eu para o empoderamento pessoal, que diz da modificação da consciência individual para uma busca de mudança coletiva. Por meio dessas ações, as mulheres negras constituem possibilidades de desafiar as imagens de controle. O objeto de pesquisa é a produção midiática da cantora Ludmilla em duas fases de sua carreira. A análise é realizada com base no conceito de imagens de controle de Collins (2000), que aborda representações de mulheres negras, com o auxílio da autora Winnie Bueno, que apresenta uma leitura do conceito a partir das mulheres negras do Brasil. A metodologia está baseada em uma análise discursiva comparativa entre dois videoclipes: Fala mal de mim (de MC Beyoncé, 2012) e Rainha da Favela (de Ludmilla, 2020). No primeiro videoclipe Ludmilla é vista como uma mulher negra sexualizada, que rouba o marido da mulher branca. Seguindo o esteriótipo de barraqueira, que causa sempre o caos, que influencia outras mulheres a fazer o mesmo, manipulando-as de alguma maneira.. Assim se percebe o uso da imagem de controle Jezebel, que para Collins (2000) trata-se de uma mulher negra que usa o seu corpo como método de sedução.. Já no clipe Rainha da Favela (2020), Ludmilla é vista como uma figura positiva e empoderada. Desta forma, entende-se que as imagens de controle feitas pela mídia têm contornos dinâmicos que possibilitam que elas passem por alterações conforme ocorrem mudanças na sociedade. Mais importante que o conteúdo das imagens, é a compreensão do controle que as imagens operacionalizam no cotidiano de mulheres negras. Sendo assim, também entendemos que historicamente, a teoria feminista negra tem investigado as variadas intersecções entre raça, classe, gênero, sexualidade, idade, etnia, nacionalidade e capacidade física como sistemas de poder que modificam os controles das imagens de controle. Por exemplo, os controles de imagens que são mobilizados para mulheres negras pobres e lésbicas são diferentes quando se tratam de mulheres pretas de pele clara, ricas e dentro dos padrões da sociedade. Conclui-se que, a cantora Ludmilla é uma referência de resistência às imagens de controle, passando a desenvolver mecanismos baseados nas ações descritas por Collins (2019), em conjunto com a mídia e com a mudança nos contextos sociais. E que a visão dessa autora é de extrema importância quando se trata de estudos voltados às mulheres negras e de que forma se pode mudar a forma que a mídia domina seus corpos. Assim como também, para que mulheres negras consigam de posicionar contra esse modo que a mídia coloca seus corpos, atos, individualidades e coletivo. As imagens de controle são, portanto, um importante artifício da dominação e, ao mesmo tempo, a resistência a essas imagens é fundamental para a autodefinição de mulheres negras.Downloads
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Publicado
2022-11-23
Como Citar
JÚLIA PEREIRA DA SILVA SANTOS, A.; ARISTIMUNHA DE LIMA, D. MC BEYONCÉ E LUDMILLA: UMA ANÁLISE DAS IMAGENS DE CONTROLE NA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DA CANTORA LUDMILLA. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos