CONSTITUIÇÃO DE ESTUDO DE MESTRANDO E DOUTORANDOS SURDOS E A CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGO E DE ESCRITA
Rótulo
Mestrandos, Doutorandos, Surdos, Encontros, Educação, acessibilidade, Assessoria, Textual
Resumo
Este texto relata experiências de mestrandos e doutorandos surdos que se organizaram em um grupo de estudos. Essa iniciativa foi registrada mediante o cadastro como Projeto de Pesquisa/Inovação Contínuo, na plataforma do Sistema Único da Administração Pública SUAP, através do Instituto Federal Baiano, com o objetivo de incentivar os mestrandos e doutorandos surdos a debaterem sobre diversas estratégias que auxiliam os novos pesquisadores surdos nos registros escritos relacionados à Língua Portuguesa. A proposta iniciou com os encontros em todas as sextas-feiras pela manhã das 9h às 12h com as docentes da UFMS, UFBA, UNESPAR e UNIPAMPA. Esse espaço de debates é importantíssimo, para surdos no meio acadêmico, sobretudo levando em consideração a existência da Lei nº 10.436/02, como um instrumento que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como uma forma de comunicação e expressão, um sistema linguístico de natureza visual que permite a troca de ideias e fatos, e, ao mesmo tempo, assegura que a Língua Portuguesa seja um segundo idioma de acesso para os cidadãos surdos. As discussões estão fundamentadas diante das fronteiras de acesso, registro e trânsito de informações nas duas línguas. O momento experienciado pela equipe dessa extensão aponta conforme os autores TAVEIRA; et al., 2015, que afirma que alguns dos professores surdos dominam ou possuem percepções-intuições (feeling) sobre os usos do letramento ou alfabetismo visual, necessitando assim que além da língua de sinais que todos já vem constituindo um repertório acadêmico e constituição em pesquisas científicas e levantando os saberes empíricos para que os mesmos consigam escrever os conteúdos pertinentes às suas produções. No decorrer do tempo, os professores do grupo discutem sobre os avanços na produção de textos, artigos, livros, dissertações, teses e avaliação de bancas. Neste percurso de discussões, são aventadas propostas que subsidiem os estudos e que contribuam para a autonomia dos estudantes nos registros das suas pesquisas, visto que elas são essenciais para o fortalecimento do campo teórico e prático da Educação de Surdos e da Educação Bilíngue. Outro desdobramento que justifica as atividades é que explorando os desafios, as soluções e contribuições sugeridas pelos docentes surdos poderão ser implementadas a longo prazo, por meio de um processo de apropriação, difusão de produção de conhecimentos científicos e tecnológicos. A metodologia da execução foi realizada pela plataforma Zoom da qual teve estudos, pesquisas, debates e proposições. O primeiro encontro foi no dia 25 de fevereiro de 2021, com tema de discussão Criação de Modelo de Solicitação de Assessoria Textual, foi o primeiro documento elaborado pelo grupo, este modelo visa a necessidade dos discentes surdos acadêmicos, um modelo para a solicitação de assessoria textual em Libras e Português escrito. O grupo percebeu que esse primeiro problema é visível na rotina dos surdos acadêmicos porque no Brasil, geralmente, colocam somente Tradutores/intérpretes de Língua de Sinais e Língua Portuguesa (TILSP) no campo educacional, inclusive na especialização. Na realidade, os mestrandos e doutorandos surdos necessitam além do serviço dos TILSP, convém que o(a) orientador(a) ou professor(a) faça a mediação pedagógica, que os colegas interajam. Ademais verifica-se a necessidade de oferecer assessoria bilíngue para a produção textual, serviço de revisão textual, levando em consideração a dificuldade de produção em português padrão. Também é preciso viabilizar o serviço de anotações feitas por outra pessoa ou gravações, powerpoint adaptados, vídeos traduzidos em Língua de Sinais ou legenda, instrumentos adaptados, orientador(a) preparado para atender os discentes, grupo de estudos ligado na linha de pesquisa com pesquisadores surdos para compartilhamento de apoio e colaboradores preparados para ampliar a acessibilidade dos estudantes com surdez. Até o momento obtivemos como resultado que após a criação deste documento, cada docente que está cursando a Pós Stricto Sensu enviaria sugestões para as instituições a fim de conseguirem mais acessibilidade. A título de exemplo, uma mestranda conseguiu 4 horas por semana de assessoria com Intérprete de Libras, com direito de leitura de artigos em Libras. Durante os encontros dos mestrandos e doutorandos continuam elaborando estratégias e propondo ideias, opinando sobre as correções de artigos, dissertações e teses. Conclui-se que os encontros devem ser constantes para ter uma base de interação, apoio e incentivo. Essa dinâmica favorece ao aumento de formação de mestres e doutores surdos, principalmente dedicados ao estudo de sua língua de forma mais sistemática, e ao aprofundamento do conhecimento em educação.Downloads
Não há dados estatísticos.
Publicado
2022-11-23
Como Citar
CRISTINA DOS REIS, R.; MAIANE DA SILVA CAVALHEIRO, P.; VILHALVA, S.; DAMASCENO SOUZA, M.; MARIA DE OLIVEIRA, G. CONSTITUIÇÃO DE ESTUDO DE MESTRANDO E DOUTORANDOS SURDOS E A CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGO E DE ESCRITA. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos