BURNOUT EM ACADÊMICOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Rótulo
Pandemia, COVID-19, Burnout, Acadêmico, Síndrome
Resumo
O termo Síndrome de Burnout é usado para descrever uma exaustão mental ou física decorrente do estresse. Ele se caracteriza por sintomas específicos como altos níveis de exaustão emocional, sentimentos de cinismo e despersonalização e falta de realização profissional. Apesar de as primeiras pesquisas nesse âmbito terem sido focadas no ambiente corporativo e empresarial, o conceito foi estendido aos estudantes e o Burnout entre os acadêmicos se apresenta como uma combinação de exaustão emocional, cinismo e ineficácia acadêmica. No Burnout acadêmico, a exaustão emocional é caracterizada por sentimentos de esgotamento pelas demandas acadêmicas; a despersonalização, caracterizada por uma atitude de distanciamento das tarefas inerentes ao contexto acadêmico; e a ineficácia acadêmica ou eficácia acadêmica reduzida, marcada pela percepção dos alunos de si mesmos como sendo incompetentes. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar quais são os fatores associados à Síndrome de Burnout entre estudantes de medicina e enfermagem da região sul do Brasil durante a pandemia de COVID-19. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da UNIPAMPA sob número 4,350,219. Este foi desenvolvido em universidades públicas e privadas situadas na região Sul do Brasil, de caráter analítico e quantitativo, com delineamento do tipo transversal. Os critérios de inclusão do estudo consistiram possuir vínculo ativo com a universidade no momento da coleta de dados, ser discente do curso de medicina ou enfermagem e ter 18 anos ou mais. Utilizou-se, para coleta de dados, realizada entre setembro de 2020 e abril de 2021, a plataforma Google Forms, na qual foi elaborado um instrumento de pesquisa online. As perguntas presentes no instrumento estavam relacionadas aos hábitos de vida, questões sociodemográficas e também a identificação dos níveis da Síndrome de Burnout através de instrumento de mensuração [Copenhagen Burnout Inventory - Student Version (CBI-S)]. Para categorizar de acordo com os níveis de Burnout, os respondentes foram divididos com base nos seguintes resultados: Nenhum/baixo sintoma de burnout (escore 0-49), Moderado/alto sintoma de Burnout (escore 50-99) e grave sintoma de burnout (escore 100). Por fim, uma análise multivariada foi desenvolvida para identificação dos fatores associados ao Burnout. Valores de p menores ou igual a 0,05 foram considerados estatisticamente significativos. A amostra da pesquisa foi composta por 483 respondentes. Dos participantes da pesquisa, 183 foram categorizados com Burnout moderado/alto e 300 com nenhum/baixo escore de Burnout. Nesta pesquisa, nenhum participante apresentou escore categorizado como grave sintoma de Burnout. Entre os respondentes, 75,8% eram do sexo feminino e 56,9% possuíam entre 21 e 25 anos de idade. Além disso, dos acadêmicos que participaram da pesquisa, 62,7% moravam com familiares em cidades do interior do Brasil (72,7%), não tendo alteração na sua situação de residência durante o período pandêmico (62,7%). No tocante à situação financeira, a maioria não exerce nenhuma função trabalhista remunerada (79,1%) e sua renda disponível mensalmente, incluindo bolsas de estudo e ajuda de familiares, encontra-se abaixo de R$1058,07(22,8%) e entre R$ 1058,07 e 3173,23 (40%). Ainda, pôde-se observar maiores percentuais de Burnout moderado/alto nos acadêmicos do 5° ao 8° semestre. Parte dos discentes responderam que pensam frequentemente em desistir do curso (9%) e que já foram reprovados em alguma disciplina (14,1%), sendo que essas variáveis foram associadas ao Burnout moderado/alto ( (P< 0,001 e P= 0,003, respectivamente).). Por fim, alguns dos fatores que indicaram maior risco de existência de sintomas de Burnout, nessa perspectiva, foram: ter idade maior do que 31 anos (P = 0,008) e ter diminuído a satisfação com o curso ao longo da pandemia (P <0,001). Os resultados apontam uma problemática significativa no contexto acadêmico durante o período de pandemia, considerando que 37,9% dos respondentes apresentaram sintomas de Burnout moderado/alto. Além disso, a existência de associação entre índices de insatisfação com o contexto acadêmico e sintomas de Burnout durante o período pandêmico, retoma a atenção para a perspectiva de que as mudanças decorrentes da pandemia podem ter se somado às dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos na realidade de constantes mudanças vivenciadas no desenvolvimento acadêmico. Essas dificuldades podem interferir consideravelmente na saúde mental dos acadêmicos, exigindo atenção dos gestores das instituições de ensino superior quanto ao planejamento de ações para enfrentamento e mitigação de problemas no contexto pós-pandêmico.Downloads
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Publicado
2022-11-23
Como Citar
CRUZ DOS ANJOS, E.; FOUCHY SCHONS, C.; HASTENPFLUG WOTTRICH, S.; KINAS BUENO, R.; SIMONETTI PASE, C.; PITREZ MOCELLIN, L. BURNOUT EM ACADÊMICOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos