SAÚDE MENTAL E SOLIDÃO EM ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19

  • Laísa Escobar Sitja
  • Debora Schlotefeldt Siniak
  • Susane Graup do Rego
  • Liamara Denise Ubessi
  • Luana Ribeiro Borges
  • Rodrigo De Souza Balk
Rótulo Saúde, mental, Enfermagem, COVID-19

Resumo

O cenário de pandemia por COVID-19 teve impactos significativos quanto à saúde mental da população mundial. As implicações psicológicas negativas como a ansiedade, estresse, além do medo de contrair a doença e também de contaminar outras pessoas, e as perdas financeiras foram fatores que acabaram afastando os indivíduos da vida social. Atrelado a isso, quando se trata do perfil de estudantes, além das implicações psicológicas do próprio contexto de pandemia, encontram-se a insegurança, a frustração, o tédio, a desinformação, bem como as alterações causadas pela transição para a vida adulta e o distanciamento das atividades sociais e acadêmicas. O que resulta em modificações radicais tanto no estilo de vida, quanto no processo de ensino-aprendizagem, ainda mais em cursos que estruturam o projeto pedagógico em atividades teórico-práticas, como a graduação em Enfermagem. Diante disso, devido às mudanças nos padrões de estilo de vida decorrentes da pandemia da COVID-19, objetivou-se com o presente estudo descrever o perfil de saúde mental e solidão em estudantes de enfermagem durante a pandemia por COVID-19. Trata-se de um recorte da etapa quantitativa (transversal) da Pesquisa Saúde Mental, Trauma e Audição de Vozes em Universitários, na qual adotou-se o método misto sequencial de pesquisa com 1.170 estudantes de graduação da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Uruguaiana, através de coleta on-line, entre 6 de fevereiro a 30 de março de 2021. Este trabalho envolveu a amostra de 186 estudantes de Enfermagem, com taxa de 74,1% de resposta. Os dados quantitativos passaram por processo de análise descritiva com auxílio do STATA 15.0®. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIPAMPA, sob o parecer n°4.416.558 e todos entrevistados assinaram Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Para rastreamento de sintomas de transtornos mentais comuns (não-psicóticos) adotou-se o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) recomendado pela Organização Mundial de Saúde, com ponto de corte único (≥7.0). Para solidão adotou-se a Escala de Solidão UCLA, validada para o Brasil, estabelecendo-se o ponto de corte em 36 pontos. Ainda, incluiu-se a questão semiestruturada Algum profissional já lhe disse que você tem algum problema de saúde mental? para identificação de necessidades em saúde mental. Em relação ao resultados, obteve-se uma amostra majoritariamente feminina (84,4%), branca (79,6%), com até 25 anos (73,7%), com renda de até 2 salários-mínimos (65,6%) e 53,8% referiam redução da renda após a pandemia. Encontrou-se que 26,9% dos participantes já ouviram de algum profissional de saúde que apresentavam necessidades em saúde mental, 65,6% apresentaram pontuação positiva para transtornos mentais comuns e 12,4% apresentaram níveis de solidão de moderado a intenso. Os elevados percentuais de situações de saúde mental e solidão na amostra, corroboram com estudos internacionais, os quais identificaram altas taxas de ansiedade, níveis de estresse de moderado a grave e sentimento de solidão em estudantes universitários acentuados pelas medidas de distanciamento social, medos e incertezas relacionadas à pandemia. Como também a literatura científica sugere que as mulheres estudantes estão mais propensas a desenvolverem algum grau de sofrimento psicológico, e apresentarem altos níveis de depressão e ansiedade. Além disso, condições socioeconômicas desfavoráveis podem trazer implicações psicológicas negativas no momento de instabilidade que representa a pandemia. Conclui-se que estudantes de enfermagem apresentam alguma alteração em seu bem-estar psíquico decorrente do contexto da pandemia de COVID-19. Logo, faz-se necessário promover estratégias para a elaboração de planos de cuidado para reduzir o sofrimento psíquico, bem como estabelecer redes de apoio social e institucional através de ações articuladas entre o movimento estudantil, a universidade e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), a fim de minimizar os efeitos gerados pelo distanciamento social, através do próprio ambiente acadêmico.

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Publicado
2022-11-23
Como Citar
ESCOBAR SITJA, L.; SCHLOTEFELDT SINIAK, D.; GRAUP DO REGO, S.; DENISE UBESSI, L.; RIBEIRO BORGES, L.; DE SOUZA BALK, R. SAÚDE MENTAL E SOLIDÃO EM ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.