EFEITO DO AQUECIMENTO DOS PÉS SOBRE O CONTROLE POSTURAL DE JOVENS E IDOSOS
Rótulo
Aquecimento, controle, postural, envelhecimento
Resumo
O envelhecimento é acompanhado por um declínio fisiológico natural que afeta os sistemas sensoriais. O processamento neural menos eficaz de mecanorreceptores dispostos das diferentes camadas da pele do dorso e da planta do pé podem promover respostas motoras prejudicadas e um controle postural deficitário. Manipular a temperatura da pele parece influenciar a atividade desses mecanorreceptores. Desse modo, o objetivo do nosso estudo foi comparar o efeito do aquecimento passivo dos pés sobre o controle postural de adultos jovens e idosos considerando o aquecimento de diferentes regiões dos pés. Dois protocolos de aquecimento dos pés foram realizados em 20 jovens adultos (10 homens e 10 mulheres, média ± desvio padrão de idade: 22.3 ± 2.1 anos, massa corporal 70.4 ± 12.2 kg e estatura 167 ± 0.08 cm) e dezoito idosos (14 mulheres e 4 homens com idade: 65.8 ± 6.2 anos, massa corporal 80.1 ± 12.3 kg e estatura de 161 ± 0.1 cm) para aumentar a temperatura dos pés em cerca de 6 ºC utilizando radiação infravermelho para (1) aquecer apenas a planta do pé e (2) a pele do pé inteiro e tornozelo. Avaliamos o deslocamento do centro de pressão (CoP) durante a postura quieta em pé antes e após aquecimento durante 30 s com os olhos abertos (OA) e fechados (OF), utilizando uma plataforma de força com taxa de amostragem de 100 Hz (OR6 2000, Inc.Watertown, MA, EUA). As variáveis extraídas do CoP foram: área (cm²); velocidade média (cm/s); e amplitude nas direções anteroposterior e mediolateral (cm). Foi verificada a normalidade dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk. Para comparar jovens e idosos, pré e após o aquecimento, foi utilizado o teste-t para amostras independentes ou Mann-Whitney. Para verificar o efeito do aquecimento, os dados de CoP de cada grupo foram submetidos à ANOVA considerando os fatores tempo e protocolo de aquecimento. Em ambos os grupos os protocolos de aquecimento aumentaram a temperatura dos pés de maneira similar. Em jovens, o aquecimento melhorou o controle postural considerando o menor deslocamento do CoP mediolateral (p=0.013) e a velocidade (p<0.001) na condição de olhos abertos, e a velocidade (p<0.001) e a área CoP (p=0.026) na condição de olhos fechados. O efeito não diferiu entre os aquecimentos (p>0.05). Em idosos houve redução do CoP mediolateral (p=0.003) após o aquecimento do pé inteiro na condição de olhos fechados. Como esperado, jovens apresentaram melhores respostas no controle postural do que idosos, mas a principal diferença entre os jovens e idosos foi o fato de que, em idosos, as mudanças foram observadas apenas em condições mais desafiadoras (na inibição do input sensorial visual) e para variáveis mais críticas considerando associações com risco de quedas, por exemplo, como é o caso do CoP mediolateral. Em sistemas deficitários, como é o caso de idosos, é possível que cápsulas articulares, terminações nervosas livres e mecanorreceptores dispostos em diferentes regiões do corpo possam ser sensibilizados pelo calor e estimulados pela maior maleabilidade da pele que é rígida, o que pode ser obtido pelo aquecimento. Isso pode ser um dos mecanismos explicando os resultados encontrados e permitindo discutir essa estratégia como uma possível intervenção na prática clínica. Desse modo, práticas clínicas futuras podem ser beneficiadas com o método de intervenção do aquecimento dos pés durante o planejamento do plano de tratamento de idosos em processos de reabilitação. Esse estudo segue em andamento para determinar a melhor forma de conduzir essa intervenção em populações com risco de quedas e déficits de controle postural.Downloads
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Publicado
2022-11-23
Como Citar
MIRANDA PAZ, M.; SOSA MACHADO, M.; AGUIAR DOS SANTOS, M.; SOSA MACHADO, ÁLVARO; MARA DE CASTRO GERMANO, A.; PIVETTA CARPES, F. EFEITO DO AQUECIMENTO DOS PÉS SOBRE O CONTROLE POSTURAL DE JOVENS E IDOSOS. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos