RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA DA PELE, MANIFESTAÇÕES ELÉTRICAS DE FADIGA MUSCULAR, E DOR MUSCULAR DE INÍCIO TARDIO: UM ESTUDO PRELIMINAR

  • Ana Carolina Lamberty de Morais
  • Felipe Pivetta Carpes
Rótulo Termografia, Exercício, Fadiga, Dor, muscular

Resumo

A dor muscular de início tardio (DMIT) após esforços físicos indica a presença de dano muscular, o que prejudica a produção e o controle da força, podendo ser sentida de 24 horas a 7 dias após exercícios intensos envolvendo ações musculares excêntricas, bem como em resposta a aumentos súbitos na carga de trabalho e fadiga muscular, a intensidade e a duração do exercício, tipo de contração (concêntrica ou excêntrica), e tipo de exercício. O monitoramento da DMIT é útil para estruturação de programas de reabilitação, mas sua quantificação pode ser complexa, por esse motivo, predizer com base nas características da sessão de exercício pode ajudar a melhorar as intervenções de recuperação, como massagem,alongamento, anti-inflamatórios não esteroidais, crioterapia, compressão, entre outros. A magnitude da DMIT geralmente está relacionada à fadiga muscular durante o esforço físico, a qual pode ser monitorada usando eletromiografia de superfície (EMG). Além disso, cresce o interesse em determinar se a temperatura da pele sobre um grupo muscular exercitado pode ser um marcador não invasivo para DMIT, sendo avaliada por meio de termografia infravermelha (IRT), uma medida não invasiva mais rápida e prática de realizar do que a EMG. A interação entre DMIT e EMG pode existir porque condições que levam a DMIT envolvendo fadiga muscular são detectáveis pela EMG, mas ainda questiona-se uma relação dela com a IRT. Neste estudo preliminar, verificamos se existe correlação entre a temperatura da pele e a ativação elétrica neuromuscular, e se essas medidas podem predizer a magnitude da DMIT induzida pelo exercício. Avaliamos 10 homens ativos (27 ± 4 anos, estatura 179 ± 6 cm, massa corporal 75 ± 9 kg, dobra cutânea do bíceps 3,7 ± 1,4 mm), não fumantes e fisicamente ativos. Cada um deles chegou ao laboratório e permaneceu em repouso por 10 min, para que as medidas basais de IRT fossem tomadas. Foi feita então o posicionamento dos eletrodos de superfície para a medida de EMG. IRT e EMG foram medidas no músculo bíceps braquial, sendo a EMG registrada apenas no braço exercitado, e a IRT bilateralmente. Utilizamos uma câmera termográfica Flir E-60 com resolução de 320x240 pixels seguindo os procedimentos do TISEM checklist para a medida de IRT. A EMG foi monitorada com um eletromiógrafo sem fio (Mega Electronics, Kuopio, Finlândia). A DMIT foi induzida com três séries de exercícios de rosca bíceps, envolvendo a flexão concêntrica e extensão excêntrica do cotovelo, realizadas com carga submáxima e até a exaustão. Durante as séries, a IRT e a EMG eram monitoradas continuamente. Após 24 h, a DMIT foi quantificada usando uma escala visual analógica de 0 (ausência de dor) a 10 (dor muito forte). Estatísticas Bayesianas foram empregadas para verificar as correlações entre as variáveis e as predições de DMIT foram avaliadas com modelos de regressão. A partir dos resultados de EMG encontramos fadiga muscular significativa durante o exercício. As medidas de IRT revelaram um aumento na temperatura da pele na região exercitada durante o exercício. A DMIT significativa foi observada 24h após o exercício. Contudo, os modelos de regressão não indicaram correlação entre mudanças na temperatura da pele e fadiga muscular detectada pela EMG durante o exercício com a DMIT reportada 24 h após o exercício, tampouco uma capacidade preditiva para a DMIT considerando informações de EMG e IRT durante o exercício. Com isso, concluímos que a DMIT 24 h após exercitar um pequeno grupo muscular não se correlacionou com a resposta da temperatura da pele e as manifestações mioelétricas de fadiga durante o exercício.

Downloads

Não há dados estatísticos.
Publicado
2022-11-23
Como Citar
CAROLINA LAMBERTY DE MORAIS, A.; PIVETTA CARPES, F. RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA DA PELE, MANIFESTAÇÕES ELÉTRICAS DE FADIGA MUSCULAR, E DOR MUSCULAR DE INÍCIO TARDIO: UM ESTUDO PRELIMINAR. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.