AÇÃO PROTETORA DO EXTRATO DE SENECIO BRASILIENSIS SOBRE MORTALIDADE E DÉFICITS LOCOMOTORES INDUZIDA PELA EXPOSIÇÃO AO CLORPIRIFÓS EM DROSOPHILA MELANOGASTER

  • Franklin Nunes
  • Franklin Vinny Medina Nunes
  • Thaís Posser
  • Jaciana Sousa dos Anjos
  • Karen Kich Gomes
  • Jeferson Luis Franco
Rótulo Drosophila, Toxicologia, Organofosforados

Resumo

A exposição humana e a contaminação ambiental a organofosforados tem sido associada a danos à saúde, como distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Clorpirifós (CP) é um inseticida sintético pertencente à classe dos organofosforados. Compostos organofosforados são um grupo de várias substâncias químicas inibidoras da acetilcolinesterase, anticolinesterásicos ou colinérgicos de ação indireta. Eles atuam inibindo a atividade de um grupo de enzimas colinesterases, representado principalmente pela Acetilcolinesterase (AChE). Exposições agudas a organofosforados também levam a consequências neurológicas e psiquiátricas, entre essas consequências inclui-se, humor deprimido, prejuízos motores, episódios psicóticos, processamento de informações, memória e abstração. A busca por estratégias terapêuticas em substituição ou complementação aos tratamentos atuais que ainda apresentam alta taxa de mortalidade torna-se de suma importância. Muitas plantas, dentro do gênero Senecio, são capazes de sintetizar metabólitos hepatotóxicos conhecidos como alcalóides pirrolizidínicos (PAs). S. brasiliensis é uma das espécies mais tóxicas do gênero, e devido à presença desses alcalóides é capaz de causar hepatotoxicidade e intoxicação em equinos e bovinos e levá-los à morte. Apesar dessa toxicidade, as mesmas partes da planta incluindo folhas e flores são utilizadas popularmente para fins medicinais em tratamentos anti-inflamatórios, de feridas, queimaduras, alergia, úlceras gástricas e dores estomacais, porém seu uso indiscriminado pode causar graves danos à saúde humana, e relatos de casos de intoxicação por parte das folhas já foram descritos. Drosophila melanogaster é conhecida popularmente como a mosca da fruta, e apresenta vantagens como organismo modelo, entre estas estão, seu baixo custo, ciclo de vida curto, fácil manipulação, dimorfismo sexual aparente, tamanho reduzido e por possuir homologia de 75% dos seus genes relacionados a doenças com o de humanos. As atividades realizadas tiveram como objetivo aplicar as técnicas básicas de criação e manejo do organismo modelo D. melanogaster e a avaliação da toxicidade do inseticida CP e a potencial proteção do extrato vegetal de SN contra o inseticida para ensaios comportamentais e bioquímicos. As moscas adultas foram mantidas no Sistema de Cultura com controle de temperatura. Já o fotoperíodo é mantido por temporizadores que garantem um ciclo claro/escuro (12h/12h). A suplementação nutricional de D. melanogaster foi realizada utilizando meio padrão e fermento biológico. Moscas fêmeas adultas com 48h pós eclosão foram utilizadas. O inseticida CP foi utilizado para a avaliação de toxicidade e o extrato vegetal de SN foi utilizado para avaliar a potencial proteção ao inseticida. As exposições aos compostos foram realizadas em papel filtro junto à solução de sacarose 1% durante 48 horas em um N=120 moscas por grupo nas concentrações de 0,25 ppm (CP) e 1 mg/mL (SN) em grupos isolados e conjuntos. O grupo controle (CTL) recebeu somente tratamento com sacarose 1%. Parâmetros comportamentais e a taxa de mortalidade foram avaliadas em 48 horas após a exposição aos compostos. A análise da atividade da enzima Acetilcolinesterase foi realizada no espectrofotômetro. Como esperado, o grupo tratado unicamente com o pesticida Clorpirifós teve maior índice de mortalidade. No ensaio comportamental de Geotaxia Negativa, onde se é avaliado a capacidade locomotora, moscas tratadas com clorpirifós demonstraram perda significativa da capacidade locomotora. Os grupos tratados com o extrato vegetal de S. brasiliensis não demonstraram mortalidade e alteração comportamental. No entanto, a análise da atividade da enzima Acetilcolinesterase (Ache) não demonstrou inibição completa pelo inseticida (CP), e também não demonstrou proteção pelo co-tratamento com S. brasiliensis (CP + SN). A realização de experimentos voltados à toxicidade de agroquímicos permite a construção de novos saberes a respeito destes compostos que estão presentes no nosso cotidiano. Tratando-se do presente estudo, relacionando a potencial ação protetora do extrato de vegetal de S. brasiliensis, foi possível observar uma melhora estatisticamente significativa na taxa de mortalidade e no padrão locomotor das moscas tratadas. Ainda se faz necessário maiores estudos e experimentos acerca destes compostos com intuito de caracterizar vias metabólicas envolvidas na ação protetora, assim como maiores entendimentos a respeito da toxicologia de plantas nativas e sua ação em organismos modelos.

Downloads

Não há dados estatísticos.
Publicado
2022-11-23
Como Citar
NUNES, F.; VINNY MEDINA NUNES, F.; POSSER, T.; SOUSA DOS ANJOS, J.; KICH GOMES, K.; LUIS FRANCO, J. AÇÃO PROTETORA DO EXTRATO DE SENECIO BRASILIENSIS SOBRE MORTALIDADE E DÉFICITS LOCOMOTORES INDUZIDA PELA EXPOSIÇÃO AO CLORPIRIFÓS EM DROSOPHILA MELANOGASTER. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.