ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS NO MODELO DE TRANSTORNO NEURODESENVOLVIMENTAL SÃO RESGATADAS PELO TRATAMENTO COM NANOPARTÍCULAS CARREGADAS COM LUTEÍNA EM DROSOPHILA MELANOGASTER

Resumo

Os transtornos neurodesenvolvimentais são condições no desenvolvimento que trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social e profissional dos indivíduos, como o transtorno do espectro do autismo (TEA) e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), nos últimos anos a taxa de indivíduos diagnosticados com esses transtornos aumentou significativamente, sendo que atualmente a prevalência é de aproximadamente 1 a cada 40 crianças. Devido a sua etiologia complexa não totalmente compreendida esses distúrbios possivelmente combinam efeitos de herdabilidade genética e exposição ambiental entre outros fatores. A exposição pré/pós natal a inseticidas como a imidacloprida vem sendo utilizados para promover alterações semelhantes aos observados nesses transtornos, já a luteína por ter propriedades antiinflamatórias e antioxidantes, vem sendo associada a efeitos neuroprotetores. Assim as nanopartículas visam aumentar a biodisponibilidade de luteína dentro do organismo a fim de combater o desequilíbrio entre moléculas antioxidantes e oxidantes, as quais promovem um aumento do estresse oxidativo. Portanto o presente estudo tem por objetivo avaliar o efeito de nanopartículas carregadas com luteína sobre os parâmetros comportamentais no modelo de transtorno do neurodesenvolvimento em Drosophila melanogaster. Foram utilizadas moscas (Drosophila melanogaster) de ambos os gêneros com 1 a 2 dias de idade mantidas em frascos na incubadora BOD, sob condições controladas de luz, temperatura e 60 % de umidade, alimentadas com 5 ml de dieta padrão, divididas em 2 grupos: 1) Controle (dieta padrão) e 2) IMI (dieta padrão + 400 ρM) expostas por 7 dias ao tratamento. Após o período de exposição as moscas foram removidas e aguardou-se a eclosão da progênie (F1). As moscas eclodidas (F1) foram subdivididas em 4 grupos: (1) dieta padrão (controle); (2) IMI; (3) nanopartículas carregadas de luteína 6 µM; (4) IMI + nanopartículas carregadas de luteína 6 µM. As moscas eclodidas (F1) serão expostas a nanopartículas carregadas de luteína por um período de 24 horas. Após os tratamentos as moscas foram submetidas a testes comportamentais de grooming (a fim de avaliar os movimentos repetitivos de auto-limpeza) e teste de agressividade (para avaliar o grau de agressividade). Ao analisarmos os resultados podemos observar que a exposição a imidacloprida promoveu alterações comportamentais significativas no comportamento da Drosophila melanogaster, demonstradas no teste de grooming onde as moscas do grupo IMI apresentaram um aumento de movimentos repetitivos quando comparado ao grupo controle, já o grupo co-exposição a nanoparticulas carregadas com luteína (6µM), restaurou o dano promovido pela IMI, reduzindo assim o tempo de grooming nas moscas de ambos os sexos. No teste de agressividade podemos observar que as moscas do grupo IMI apresentaram um aumento na agressividade quando comparado ao grupo controle, já o grupo co-exposição reduziu o dano promovido pela IMI, diminuindo assim a agressividade das moscas fêmeas e machos. Mediante o nossos achados concluímos que o tratamento com nanopartículas carregadas com luteína foi capaz de restaurar os danos comportamentais promovidos pelo modelo de transtorno do neurodesenvolvimento induzido pela exposição a IMI em moscas de ambos os sexos, tornando a utilização das nanopartículas uma opção terapêutica a ser utilizada no desenvolvimento de drogas capazes de modificar a evolução natural dos sintomas dos transtornos TEA e TDAH futuramente.