PSEUDO-HERMAFRODITISMO EM CÃO

  • Jessica Krüger Nunes
  • Lory Luísa Jacques de Castro Rizzatti
  • Francesca Lopes Zibetti
  • Viviana de Almeida Corrêa
  • Julia Santos Preto de Oliveira
  • Paula Priscila Correia Costa
Rótulo Pseudo-hermafroditismo, cães, Micropênis, Hermafroditismo

Resumo

O hermafroditismo ou intersexo é uma desordem do desenvolvimento genital que inclui várias anomalias congênitas desse sistema. Os animais possuem características sexuais ambíguas e são enquadrados, segundo a literatura, em hermafroditas verdadeiros, pseudo-hermafroditas e em outras anomalias sexuais, devido a discordâncias entre o sexo genético e o fenotípico. Quando está ocorrendo o desenvolvimento sexual inicial, tanto o macho quanto a fêmea possuem o mesmo tipo de gônada indiferenciada (bipotencial). A diferenciação normal ocorre após uma sequência de eventos em ordem cronológica: determinação do sexo cromossômico, desenvolvimento do sexo gonadal e, por último, determinadação do sexo fenotípico. O hermafroditismo pode ocorrer em todos os mamíferos, sendo mais frequente em suínos e caprinos e mais raro nos cães. No cão doméstico a prevalência está correlacionada com linhagens que possuem alto grau de cruzamentos consanguíneos, variando muito entre raças. Vale ressaltar que, para os animais domésticos, é mais comum a ocorrência do pseudo-hermafroditismo que o hermafroditismo verdadeiro (apenas 25% dos casos). O pseudo-hermafroditismo é caracterizado pela presença de apenas um tipo de tecido gonadal e genitália e características secundárias do sexo oposto. Ou seja, os casos de pseudo-hermafroditismo ocorrem quando os cromossomos e as gônadas combinam, embora a genitália não. Assim, cães com o cromossomo XX que possuem ovários serão pseudo-hermafroditas quando apresentarem estrutura peniana. Logo, o que o caracteriza como pseudo-hermafrodita feminino/masculino será a gônada presente. Os casos de pseudo-hermafroditismo masculino são descritos através de duas etiologias diferentes: Síndrome do Ducto Mulleriano Persistente e pela falha na masculinização andrógeno dependente. A primeira etiologia apresenta prevalência maior em cães da raça Schnauzer miniatura, enquanto não há relatos que descrevem prevalência para a segunda. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de pseudo-hermafroditismo canino com fenótipo feminino, onde, no exame físico, houve a constatação da presença de uma estrutura fibrosa na região clitoriana, semelhante a um micropênis. A paciente foi atendida pela primeira vez no dia 6 de dezembro de 2021 no Hospital Clínico Veterinário (HCV) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ela era uma cadela sem raça definida (SRD), com 10 anos de idade e castrada. As queixas principais da tutora eram a suposta cardiopatia e a presença de uma estrutura no assoalho vaginal. No momento da consulta não foram constatados sinais de doença cardiovascular, porém, ela já estava em tratamento com Furosemida 2mg/kg. Foram realizados os exames físicos, hemograma, bioquímico, ecocardiograma e ultrassonografia abdominal. Os resultados não demonstraram alterações compatíveis com cardiopatia e a cadela estava dentro dos parâmetros normais nos demais exames, com exceção do exame físico que corroborou com a suspeita de pseudo-hermafroditismo. A tutora relata que mesmo com a presença desta estrutura, a cadela estava em normúria e normoquesia. O diagnóstico para o animal em questão, com fenótipo feminino, foi concluído após investigação do aparelho genito-urinário, sendo determinado como um pseudo-hermafroditismo masculino. Embora esse seja seu quadro, a cadela não demonstrava alterações comportamentais, nem dificuldade de micção. A literatura, o histórico e os exames complementares foram de suma importância para fechar o diagnóstico e para encaminhar o animal ao tratamento correto.

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Publicado
2022-11-23
Como Citar
KRÜGER NUNES, J.; LUÍSA JACQUES DE CASTRO RIZZATTI, L.; LOPES ZIBETTI, F.; DE ALMEIDA CORRÊA, V.; SANTOS PRETO DE OLIVEIRA, J.; PRISCILA CORREIA COSTA, P. PSEUDO-HERMAFRODITISMO EM CÃO. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.