DOENÇA DEGENERATIVA MIXOMATOSA DA VÁLVULA MITRAL EM PACIENTE CANINO - RELATO DE CASO
Rótulo
Doença, mixomatosa, Mitral, Sobrecarga, volume, Ecocardiografia
Resumo
A doença mixomatosa da válvula mitral (DMVM) é um distúrbio cardíaco, de progressão clínica lenta, caracterizado por alterações morfológicas e estruturais, que resultam numa insuficiência mitral. A prevalência e a gravidade das lesões estão relacionadas à idade e à raça, comumente associada a cães idosos e de raças de pequeno a médio porte, com peso corporal inferior a 20 kg. Entre as raças predispostas, destacam-se: Dachshund, Yorkshire, Shih-Tzu, Pinscher, Basset Hound, Cocker Spaniel, Poodle, Schnauzer, Beagles e Chihuahua. Em estágios iniciais a moderados, os animais afetados geralmente não manifestam sinais clínicos, contudo, a presença dos sintomas são decorrentes da disfunção do complexo valvar mitral, tendo como principal queixa episódios de tosse, frequentemente seguidos de dispneia, taquipneia, ortopneia, perda de apetite e letargia. Em quadros avançados, é possível observar fadiga, cianose, tempo de perfusão capilar (TPC) acima de dois segundos e mucosas pálidas, devido sobrecarga de volume sanguíneo, associado ao ciclo cardíaco, promovendo a regurgitação valvular progressiva. A suspeita clínica é baseada na anamnese e no exame físico, através de achados clínicos evidenciados na ausculta cardíaca, como sopro, que é facilmente auscultado no ápice cardíaco esquerdo e na auscultação pulmonar, o qual pode sobressair ruídos ou crepitações, dependendo do estágio da doença. O diagnóstico definitivo é alcançado através do exame complementar de ecocardiografia, que permite a avaliação perante a gravidade da doença em leve, moderada ou grave, com base nas características do fluxo regurgitante mitral. Neste exame, também é possível adquirir informações sobre o tamanho e função do ventrículo esquerdo, bem como sobre as pressões cardíacas e vasculares. O presente trabalho busca evidenciar a importância clínica das degenerações cardíacas em pequenos animais e relatar um caso clínico atendido no HCV - Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas. Foi encaminhado para a especialidade de cardiologia veterinária no HCV, um paciente canino, macho, castrado, da raça Cocker Spaniel, com 9 anos de idade e queixa principal de cansaços esporádicos. Durante a anamnese, a tutora negou episódios de tosse ou engasgos, porém ressaltou a dificuldade respiratória devido aos cansaços mencionados. Em exame clínico, foi possível perceber alteração em ausculta cardíaca, evidenciando um sopro grau II em valva mitral, com demais focos de ausculta normais. Ainda durante a inspeção, foi descrito que o animal apresentava comportamento tranquilo, frequência cardíaca e respiratória dentro dos padrões, TPC menor que 2 e mucosas normocoradas. Os exames de ecodopplercardiograma, eletrocardiograma/Holter e radiografia, realizados anteriormente à consulta, evidenciaram alterações significativas, tais como valvopatia mitral mixomatosa, sem remodelamento de átrio esquerdo; insuficiência valvar mitral de grau discreto; arritmia sinusal com frequência cardíaca variando de 46 bpm a 138 bpm, junto de episódios de parada sinusal com duração máxima de 1,2 segundos; discreto aumento de VHS (10,7) e leve padrão pulmonar broncointersticial difuso. Além destes, foram solicitados exames laboratoriais, hemograma e bioquímico, que não apresentaram relevância quando correlacionados ao quadro clínico do animal. O tratamento médico mais adequado seria reverter, na totalidade, a disfunção valvular, porém, este método só é possível através de intervenção cirúrgica. Portanto, é indicado o tratamento paliativo aos sintomas, com objetivo de aliviar os sinais clínicos; melhorar a qualidade de vida do animal; prolongar o tempo de sobrevida e retardar a progressão da doença. Todavia, a não ser que sejam administrados os procedimentos indicados pelo médico veterinário, a degeneração mixomatosa pode atingir, também, as restantes válvulas cardíacas, propiciando a evolução deste distúrbio cardiovascular. O desenvolvimento deste processo degenerativo leva à coaptação ineficiente dos folhetos valvulares e, consequentemente, ocorre a regurgitação do ventrículo para a aurícula devido ao esforço cardíaco submetido pelo stress hemodinâmico. A síncope neurocardiogênica é um sinal frequente, geralmente indicador de DMVM avançada, pois o excesso de força, conduzido pela hipertrofia ventricular excêntrica, potencializa a pressão torácica resultando na perda progressiva da contratilidade miocárdica, diminuindo o retorno de sangue para o coração. No estudo de caso apresentado, foi evidente a conclusão do diagnóstico, ao verificar-se, a partir dos laudos que, a maioria dos valores ecocardiográficos, eletrocardiográficos e padrões radiográficos estavam de acordo com os estudos bibliográficos existentes. Embora a etiologia da DMVM seja atualmente desconhecida, a insuficiência cardíaca em cães é rotineira na clínica, portanto, o estudo desta disfunção é de importância primordial, sendo que esta afeta a qualidade de vida do paciente.Downloads
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Publicado
2022-11-23
Como Citar
BATISTA DE FREITAS, G.; NOBRE PARADA CASTRO, J.; DA SILVA OFREDI DE ALMEIDA, A.; DOS SANTOS RADTKE, A.; CRISTINA VANN, T.; PRISCILA CORREIA COSTA, P. DOENÇA DEGENERATIVA MIXOMATOSA DA VÁLVULA MITRAL EM PACIENTE CANINO - RELATO DE CASO. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos