DEGENERAÇÃO CORNEANA LIPÍDICA EM CANINO RELATO DE CASO
Rótulo
Ceratopatia, degenerações, córnea
Resumo
As ceratopatias distróficas e degenerativas exibem características similares, o que torna difícil diferenciar os processos patológicos. A degeneração corneana se refere a um grupo de alterações nas quais há distúrbio de metabolismo. A ceratopatia lipídica, um tipo de degeneração, é formada por depósitos de colesterol e triglicerídeos no estroma corneano. A lesão ocular decorrente, pode ser branca ou branca- acinzentada com a borda bem definida, ocorrendo em qualquer área da córnea. Pode ser unilateral/bilateral e é avascularizada, especialmente no início do processo da doença. Quando causadas por distúrbios crônicos na córnea, as infiltrações lipídicas localizam-se no ângulo externo do olho e migram em direção ao centro da córnea, tomando frequentemente a forma de anéis concêntricos. Para diagnóstico, cães com ceratopatia lipídica devem passar por um perfil sérico lipídico e análise clínica de tireoide e pâncreas para diagnóstico. O tratamento ocular cirúrgico (ceratectomia), é indicado quando a degeneração causa desconforto ou interfere na visão. As alterações metabólicas, quando presentes, devem ser tratadas para evitar o progresso da deposição e programar uma dieta de restrição ao colesterol pode ser eficaz. Objetivo do presente trabalho é relatar um caso de ceratopatia, caracterizada como degeneração corneana lipídica em canino no município de Alegrete/RS. Foi encaminhada para consulta no Hospital Veterinário do Centro Universitário da Região da Campanha, campus Alegrete/RS, um canino, fêmea, 5 anos de idade, escore de condição corporal 5/5 com 45kg de massa corpórea cuja queixa principal se referia a lesão ocular de coloração branca no ângulo externo da córnea direita. A paciente não apresentava alterações nos parâmetros fisiológicos ao exame físico, sendo também realizado teste de fluoresceína no olho direito, que resultou negativo. Após exame clinico geral e anamnese, a suspeita se baseava em alterações endócrinas e metabólicas, e que a alteração ocular fosse secundária a elas. Com isso, foi coletado material biológico para realização de exame hematológico e bioquímico (albumina; alanina aminotransferase; colesterol total; creatinina; fosfatase alcalina; proteínas totais, triglicerídios e ureia). No laudo do exame complementar, os triglicerídios 406mg/dl (VR cães: 32 138) e colesterol 298mg/dl (VR cães: 135 270) estavam acima dos valores de referência; os demais análitos encontravam-se dentro dos valores de referência. Foi solicitada a realização de exames para avaliar função da tireóide e pâncreas, entretanto estes não foram autorizados pelo tutor por questões financeiras. Desta forma, devido a característica da ceratopatia associada aos achados do exame bioquímico, estabeleceu-se o diagnóstico presuntivo de Degeneração Corneana Lipídica. O tratamento inicial prescrito consistiu na utilização de ração para perda de peso, bem como foi reforçada a necessidade da triagem para doenças endócrinas. Degenerações são alterações secundárias do metabolismo corneano, o que leva a uma perda da sua transparência ocasionada pela deposição de compostos estranhos nas células do estroma. A ceratopatia lipídica no cão tem sido associada à anormalidade lipídica sistêmica, como hipotireoidismo, pancreatite, diabetes mellitus, hiperlipoproteinemia espontânea e elevações lipídicas. Com isso, as degenerações lipídicas se diferem de lesões ulcerativas e cicatriciais de córnea, as quais são de origem traumática, cujo tratamento se baseia em colírios com regeneradores teciduais. A base do tratamento para degenerações corneais lipídicas é a remoção da causa primária, levando a restauração do nível de lipídeos adequada no soro pela cura da doença de base ou restrição dietética. Em tais situações, é possível que as alterações degenerativas diminuam, porém lentamente. O tratamento sintomático local para esta ceratopatia não é muito eficaz e a ceratectomia superficial é indicada quando a degeneração for progressiva e interferir na visão funcional ou causar desconforto ao paciente. A aplicação tópica de medicamentos anti-inflamatórios pode estabilizar as alterações oculares. Desta forma, destaca-se a importância de um correto exame físico e solicitação de exames laboratoriais que reforcem o diagnóstico de degeneração corneana lipídica. No caso relatado a questão financeira foi um fator limitante, que dificultou o estabelecimento da patologia de base e tratamento específico.Downloads
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Publicado
2022-11-23
Como Citar
VAZ, B.; HORSTMANN RISSO, N.; PORCELA DOS SANTOS, F. DEGENERAÇÃO CORNEANA LIPÍDICA EM CANINO RELATO DE CASO. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos