DEFERENTOPEXIA EM UM CANINO COM HÉRNIA PERINEAL E ABDOMINAL CONCOMITANTE

  • Catherine Calva
  • Maria Eduarda Rodrigues Costa
  • Anna Vitória Hörbe
  • Leonel Felix Leão Neto
  • Maria Ligia de Arruda Mistieri
Rótulo Herniorrafia, Colopexia, Organopexias

Resumo

A Hérnia perineal e abdominal são caracterizadas pela descontinuidade muscular, resultando em deslocamento do conteúdo abdominal ou retroperitoneal. O tratamento de eleição é a herniorrafia, e em casos de envolvimento de próstata, vesícula urinária ou cólon, pode ser necessária a realização de organopexias: deferentopexia e colopexia respectivamente. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de hérnia perineal e abdominal concomitante, bem como discorrer sobre a técnica de deferentopexia. Foi atendido um canino da raça Poodle, de dez anos, macho, não castrado, com histórico de ataque por outros cães e queixa principal de aumento de volume em região abdominal e perineal. O paciente ainda apresentava dificuldade para defecar com a presença de hematoquezia há 15 dias. No exame físico, constatou-se aumento de volume em região abdominal caudal e perineal unilateral esquerda. Optou-se pela realização de ultrassonografia observando-se como conteúdo herniário da região perineal, a próstata, vesícula urinária e líquido livre. Na região abdominal observou-se alça intestinal como conteúdo herniado. A partir do diagnóstico, o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico de orquiectomia, celiotomia exploratória, herniorrafia abdominal e organopexia, seguido da herniorrafia perineal. Durante a celiotomia exploratória observou-se difusas aderências de alças jejunais, cólon descendente e omento a hernia abdominal. Foi realizado a adesiolíse da alça jejunal com sucesso, já na porção do colón não foi realizada adesiólise total (segmento aderido ao teto da cavidade abdominal mantido), desse modo optou-se por não realizar colopexia, uma vez considerando-se que a aderência presente seria suficiente para prevenção de deslocamento caudal do colón, sem implicações funcionais ao órgão. Realizou-se herniorrafia abdominal em padrão sultan com nylon 2-0. De imediato conduziu-se a deferentopexia. Um túnel em direção crânio caudal de aproximadamente 1,5cm foi criado através do peritônio e bainha do músculo transverso do abdome, assim o coto prostático do ducto, já seccionado e ligado, foi inserido em direção caudo cranial através do túnel, defletido caudalmente e suturado em três pontos (sob a parede medial do túnel, imediatamente caudal ao túnel e no ápice do coto do ducto deferente) utilizando poligalactina 3-0 em padrão simples interrompido. Técnica empregada bilateralmente. Seguiu-se para correção do defeito perineal, observou-se hernia entre os músculos esfíncter anal externo e músculo elevador do ânus. Optou-se pela realização da técnica de herniorrafia aposicional com suturas em padrão isolado simples com nylon 2-0. O paciente recebeu alta hospitalar após 12 horas de procedimento cirúrgico e retornou ao hospital para retirada de pontos aos 10 dias de pós-operatório apresentando melhora clínica. Na literatura não há um consenso sobre a necessidade de realização das organopexias, estudos demonstram que em caninos com hérnia perineal bilateral que passaram por correção com herniorrafia associada a colopexia e deferentopexia com ou sem cistopexia, acompanhados por 24 meses, apresentaram baixa porcentagem de recidivas ou complicações. Porém, a literatura é escassa quando ao uso apenas da deferentopexia, uma vez que os estudos realizam as técnicas de colopexia e deferentopexia ou cistopexia em conjunto, além de não apresentar padronização da técnica. Um estudo retrospectivo recente não demonstrou diferença em relação à recidiva em cães submetidos a herniorrafia perineal associada a organopexias e à cães submetidos apenas a herniorrafia. Já outros estudos demonstram eficácia na prevenção de recidiva, porém não apresentam grupo controle e número de casos representativo. A discrepância faz com que não seja definido um consenso sobre a necessidade ou não da deferentopexia. Conclui-se com o presente relato que a conduta escolhida foi eficaz para garantir a recuperação satisfatória do paciente no presente caso. Estudos relacionados ao uso da deferentopexia e organopexias devem ser fomentados, para maior elucidação do uso da técnica, seus benefícios, complicações e sua padronização.

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Publicado
2022-11-23
Como Citar
CALVA, C.; EDUARDA RODRIGUES COSTA, M.; VITÓRIA HÖRBE, A.; FELIX LEÃO NETO, L.; LIGIA DE ARRUDA MISTIERI, M. DEFERENTOPEXIA EM UM CANINO COM HÉRNIA PERINEAL E ABDOMINAL CONCOMITANTE. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.