FRACIONAMENTO GRANULOMÉTRICO E MICRONIZAÇÃO DO BAGAÇO DE OLIVA: EFEITOS SOBRE A DIGESTIBILIDADE IN VITRO DO HIDROXITIROSOL
Rótulo
olivicultura, subproduto, agroindustrial, nutracêuticos, azeite, oliva, compostos, fenólicos
Resumo
No ano de 2022, foram produzidas 4 mil toneladas de olivas no Estado do Rio Grande do Sul, o dobro da quantidade produzida no ano anterior. Nos últimos dez anos, tem-se observado um crescimento expressivo da olivicultura no Estado, demarcado por um incremento nas áreas plantadas e início da produção dos olivais jovens. Aliado ao clima e solo favoráveis, a qualidade dos azeites produzidos tem sido reconhecida internacionalmente. Contudo, o setor ainda carece de estudos que viabilizem o aproveitamento do resíduo da olivicultura, o bagaço de oliva, de modo a reduzir o desperdício de nutrientes e do impacto ambiental. O bagaço de oliva é rico em fibra alimentar, a maior parte lignina, e compostos fenólicos com potente atividade antioxidante, como o hidroxitirosol e a oleuropeína. O fato de este apresentar alo teor de lignina é uma desvantagem pois este composto não possui boa digestibilidade, sendo inviável o uso direto do bagaço de oliva. Sendo assim, estratégias que gerem pouco ou nenhum resíduo no processamento de subprodutos agroindustriais vem sendo estudadas como forma de agregação de valor. Em face disso, o fracionamento granulométrico e a micronização podem ser processos viáveis de modificação do resíduo e aproveitamento nutricional, tanto na dieta humana quanto animal. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do fracionamento granulométrico e da micronização do bagaço de oliva sobre a digestibilidade in vitro do hidroxitirosol. O bagaço de oliva foi separado em peneira com malha de 2 mm e duas frações foram obtidas F1 (> 2mm) e F2 (< 2 mm). F2 foi centrifugado e o sobrenadante separado. As frações foram liofilizadas, desengorduradas e posteriormente micronizadas em moinho planetário de bolas (Retsch, PM100) a 300 rpm por 5 horas. Assim, se obteve as amostras F1AG e F2AG. Nas quatro amostras (F1, F2, F1AG e F2AG), foi realizado um ensaio de digestibilidade in vitro simulando as etapas oral, gástrica e a duodenal (fração solúvel e insolúvel). As frações solúveis de cada amostra foram coletadas após cada etapa e analisadas juntamente com a amostra não digerida quanto ao teor de hidroxitirosol. Utilizou-se um UHPLC-MS triplo quadrupolo (Shimadzu, LCMS-8045, Japão) para determinar a quantidade de hidroxitirosol em cada etapa. Um teste ANOVA de três (95% de confiança) seguido de teste de Tukey foi usado para avaliar o teor de hidroxitirosol durante as etapas de digestão in vitro. A fração não digerida apresentou maior quantidade de hidroxitirosol na amostra F1. Contudo, na fração oral ou salivar, o hidroxitorosol apresentou maiores teores para as amostras micronizadas (F1AG e F2AG), demonstrando que este composto pode estar mais solúvel em meios que simulam as condições orais, ou seja, a composição da saliva. Quando avaliado o composto nas condições gástricas, observou-se que as amostras apenas fracionadas não apresentaram teores detectáveis. Contudo, as duas amostras micronizadas apresentaram os maiores teores de hidroxitirosol, quando comparadas a todas as etapas. Assim sendo, observa-se que as condições gástricas podem proporcionar maior liberação de hidroxitirosol e que a micronização contribui para aumento desta liberação, em função do menor tamanho de partícula Quando monitorada a fração solúvel e insolúvel obtida na etapa duodenal, observa-se que ainda há maior liberação de hidroxitirosol na amostra F1AG na fração duodenal solúvel, comparada com a fração solúvel obtida na etapa gástrica. A fração duodenal insolúvel apresentou apenas detectção de hidroxitirosol para a amostra F1AG. Desta forma, observa-se que a micronização tornou a solubilização do hidroxitirosol mais fácil, em qualquer das etapas da digestão in vitro. Isso indica que as amostras micronizadas poderiam disponibilizar mais eficientemente este composto para a absorção. Logo, o fracionamento granulométrico e a micronização são estratégias viáveis para a agregação de valor do bagaço de oliva, uma vez que tornam os nutrientes mais acessíveis à absorção, como é o caso do hidroxitirosol na fase intestinal. Mais estudos devem ser realizados para avaliar os efeitos do fracionamento granulométrico e micronização in vivo e verificar os impactos que o consumo destes produtos pode acarretar à saúde.Downloads
Não há dados estatísticos.
Publicado
2022-11-23
Como Citar
SEFRIN SPERONI, C.; RIGO GUERRA, D.; BETINE BEUTINGER BENDER, A.; PICOLLI DA SILVA, L.; EMANUELLI, T. FRACIONAMENTO GRANULOMÉTRICO E MICRONIZAÇÃO DO BAGAÇO DE OLIVA: EFEITOS SOBRE A DIGESTIBILIDADE IN VITRO DO HIDROXITIROSOL. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 2, n. 14, 23 nov. 2022.
Seção
Artigos